Festival Pangeia apresenta na edição de 2020 conexões entre Américas e África, memórias subterrâneas que emergem e criam pontes além mar. Identidades sociais, culturais e simbólicas, distâncias e proximidades entre dois continentes. Onde nossas terras ainda são as mesmas?
AmerÁfricas, fruto da diáspora, do trânsito, do transe e de tramas. Artes atlânticas e indícas, águas de conhecimento, anunciação de futuro regado de passado-presente. Mergulho em corporeidades, sonoridades, heranças e reinvenções. Cantos, danças e rodas que espiralam o tempo em suspensão. A respiração à todas as violências, oralidade que fez corpas negras serem livres. Aqui, visitaremos essas tecnologias e magnitudes sentindo na pele que é nosso carimbo de dor, mas também de transcendência, onde guardamos nossos segredos ancestrais acendendo de geração em geração a chama, o chamado para desenhar poemas de liberdade.
Festival Pangeia é um mundo palpável em que luto é verbo. Corpas pretas são aqui sujeito e não mais objeto, protagonistas de uma história escrita por suas próprias mãos. O caminho é guiado a passos que vem de longe e a cada encruzilhada oferenda o encontro e colhe práticas de coletividades que nos formam mosaico de Áfricas.
Algumas são palpáveis somente aqui nas Américas sendo assim combustível para nos mantermos vivas e em movimento.
Será importante que você convide todo seu corpo a assistir, apenas os olhos não darão conta de vivenciar todas as sabedorias que aqui habitam. Permita-se, deixe cada poro se inundar com esse mar de artes afrodiaspóricas.
Por Priscila Obaci